sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

O Morto-Vivo


José Flávio era um transiunde que tinha um grande fascinio por radios, k-7's e bicicletas.

Circulava na sua "pasteleira" preta em excesso de velocidade e sempre com o radio preso ao volante com o registo sonoro "Cais do Sodré".

Zé Flávio nasceu junto a ribeira de Terges num moinho de agua no seio de um familia pobre. Anos mais tarde mudou-se com sua mãe para a zona alta, indo habitar o nº6 da famosa transversal da rua do Cerro em albernoa.

Zé Flávio era reformado, contudo trabalhava em pequenos trabalhos no campo. Naquela altura o seu melhor amigo era um rapaz (que hoje ocupa um importante cargo militar) que num determinado dia apareceu um uma bicicleta de montanha. Ao ver toda aquela mecânica, aquelas engrenagens Zé Flávio quase colapsou. Nesse dia nao pensou noutra coisa, foi para casa e nao dormiu, nao comeu... Todos os dias eram passados a imaginar aquela bicicleta brilhando, "onde irei pendurar o radio!?!?!?!", pensava ele... Contudo o dinheiro da reforma era curto para tamanho investimento.

Os dia passaram e certo dia Zé Flávio decidiu "dar o murro na mesa".... entao ofereceu-se como voluntario para carregador de palha num camião que passou aqui pela aldeia para recrutar carregadores. O contrato era simples, 2 semanas no algarve e entravam logo 20 contos em caixa. Depois de 5 segundo a estudar a proposta Zé Flávio disse logo k sim... Afinal 20 contos dava para uma boa bicicleta e ainda sobrava para umas quantas pilhas para o radio.

Foi a casa, beijo na mãe, pegou no radio, mala as costas e la foi ele, procurar o desconhecido.

Três semanas passaram e a noticia chegou, Zé Flávio havia morrido num acidente de trabalho.

O choque foi tremendo... o sino tocou, as mulheres choravam, os amigos não queria acreditar e até o famoso Cabaré Pega Rija's BAR fechou...

A familia viu-se na dolorosa tarefa de comprar o fato, os sapatos, as velas, as flores e o caixão para o pobre Zé Flávio. Passados dois dias, numa manhã de nevoeiro ouve-se um som diminuto a surgir do nada: "ai cais do sodre, pois é..." era ele... Zé Flávio imponente, qual Dom Sebastiao no seu cavalo branco, montado na sua bicicleta nova, com o seu radio mais nitido que nunca... Afinal não morreu.....

No fim de beijos e abraços, o caixão foi devolvido, as flores devolvidas foram apenas ficaram o fato (que a agência nao aceitou de volta) e os sapatos que tiveram que ser "metidos a semana".


Mais uma de Albernoa

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Um dia de Natal




Hoje vou aqui relatar a epopeia natalicia de um habitante de albernoa que, na altura dos acontecimoentos, vivia em Lisboa e decidiu vir passar o Natal com os pais a Albernoa.


Entao JL embarca dia 24 de Dezembro pela manhã no dos velhos barcos da Soflusa para fazer a ligaçao entre Lisboa e o Bareio, o grande terminal ferroviario para os sul de Portugal. JL, trazia um grande sorriso, vinha visitar a sua terra, as suas gentes. Na noite anterior tinha telefonado aos pais a pedir uma açorda de bacalhao para a consoada, a agua crescia na boca juntamente com mil e um pensamentos de uma noite de natal...


Ao chegar ao Barreiro, JL apanha o comboio Inter-Regional com destino a Funcheira (passava por Vendas Novas, Beja...). Depois de um apito agudo, o "cavalo de ferro" começa a sua marcha rumo ao sul... Acompanhando a mudança na paisagem JL começa a sentir o "cheiro" do Alentejo... Tudo tenta para encurtar as 2 horas que o separam de Beja. Lê o jornal, pega numa revista e por fim resolve adormecer. Passadas alguma horas é acordado pelo revisor...


JL acorda de sobressalto e num pestanhejar esboça um sorriso confiante porque finalmente tinha chegado. Ora ao descer do comboio o sorriso começa a esmorecer e na sua cabeça começam a nascer uns quantos (????????) porque aquela estação nao tinha nada a ver com a estaçao de Beja, que tantas vezes o vira desembarcar. Pergunta entao ao revisor o que se passava e porque nao estava ele em Beja. O revisor muito calmamente aponta para uns azuleijos na parede da estaçao que tinham uma pintura com o nome "Funcheira", com este gesto diz: "Beja ficou umas estações antes..."




JL nervoso, afinal estamos no dia 24 e sao 18horas, pergunta ao revisor se ha algum comboio para Beja. Apos um segundo de reflexão, o revisor diz que infelizmente nao ira sair um comboio da funcheira para o Barreiro, e que circule pela linha do Alentejo. Contudo no dia seguinte (dia 25 de Dezembro) passaria um comboio logo pela manhã que o poderia deixar em Beja. Desiludido JL é forçado a passar a noite de Natal na estação da Funcheira rodeado de 3 ou 4 bancos e daquele maravilhoso cheiro a caminho de ferro...


Passada a noite chega a manhã e com ela um lindo dia de sol. Poucos minutos passavam das 10 quando se ouve ao longe o ruido de uma velha locomotiva que subia o Alentejo. Eram 10:30 do dia 25 de Dezembro quando JL entra no comboio com bilhete para Beja. Dada alguma tristeza e melanculia da viagem (pois estamos a falar numa distancia de 1 hora ate Beja) JL decide encostar de novo a cabeça para descançar num comodo banco almofadado, bem diferente daquele onde tinha passado a noite.


Desta vez nao acordou uma estaçao a frente mas sim 4, na linda cidade de Vendas Novas, eram 13:45 do dia 25 de Dezembro...




Desta vez nao haviam mais comboios para sul, JL nao saboreou a açorda na consoda, mas sim umas bolachas de chocolate com um sumo. O conforto de sua cama foi trocado por um banco na estaçao da Funcheira e agora por um (do mesmo genero) na estação de Vendas Novas , e assim se passou o Natal.




No outro dia finalmente apanhou um comboio logo pela manhã vindo a chegar a Albernoa no dia 26 a tarde.




Um Natal diferente...

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

O Gesto de Joaquim Malhada


Ano novo, vida nova...


Vou agora dar inicio a este ano de 2007 com uma historia ja antiga, historia esta que tem como protagonista principal o Sr. Joaquim Malhada nos distantes anos 60.

O Sr. Joaquim Malhada era uma figura de primeiro plano na cosmopolita Albernoa dos anos 60. Era uma individuo muito respeitado e de prosa fácil, tinha sempre uma resposta pronta na ponta da lingua para dar o troco a quem quer que se metesse com ele, com intenção de tirar nabos da púcara.

Joaquim Malhada, pode-se dizer que tinha na altura uma inteligencia acima da media, numa época em que essa especie era rara.

Certo dia, estavam Joaquim e alguns amigos no largo principal de albernoa, quando se aperceberam que um avião andava as voltas lá bem alto por cima das suas cabeças. Imediatamente Joaquim Malhada percebe que o pobre piloto estava perdido. Então, num gesto de inteligência e solidariedade, levantou o braço e de dedo esticado apontou o Norte gritanto bem alto: LISBOA FICA P'RA LI!!!!!!!

Passados alguns momentos o avião desapareceu...

Duas semanas depois Joaquim Malhada recebe pelo correio (segundo ele) um envelope com 500$00 a agradecer o seu gesto solidário...