
José Flávio era um transiunde que tinha um grande fascinio por radios, k-7's e bicicletas.
Circulava na sua "pasteleira" preta em excesso de velocidade e sempre com o radio preso ao volante com o registo sonoro "Cais do Sodré".
Zé Flávio nasceu junto a ribeira de Terges num moinho de agua no seio de um familia pobre. Anos mais tarde mudou-se com sua mãe para a zona alta, indo habitar o nº6 da famosa transversal da rua do Cerro em albernoa.
Zé Flávio era reformado, contudo trabalhava em pequenos trabalhos no campo. Naquela altura o seu melhor amigo era um rapaz (que hoje ocupa um importante cargo militar) que num determinado dia apareceu um uma bicicleta de montanha. Ao ver toda aquela mecânica, aquelas engrenagens Zé Flávio quase colapsou. Nesse dia nao pensou noutra coisa, foi para casa e nao dormiu, nao comeu... Todos os dias eram passados a imaginar aquela bicicleta brilhando, "onde irei pendurar o radio!?!?!?!", pensava ele... Contudo o dinheiro da reforma era curto para tamanho investimento.
Os dia passaram e certo dia Zé Flávio decidiu "dar o murro na mesa".... entao ofereceu-se como voluntario para carregador de palha num camião que passou aqui pela aldeia para recrutar carregadores. O contrato era simples, 2 semanas no algarve e entravam logo 20 contos em caixa. Depois de 5 segundo a estudar a proposta Zé Flávio disse logo k sim... Afinal 20 contos dava para uma boa bicicleta e ainda sobrava para umas quantas pilhas para o radio.
Foi a casa, beijo na mãe, pegou no radio, mala as costas e la foi ele, procurar o desconhecido.
Três semanas passaram e a noticia chegou, Zé Flávio havia morrido num acidente de trabalho.
O choque foi tremendo... o sino tocou, as mulheres choravam, os amigos não queria acreditar e até o famoso Cabaré Pega Rija's BAR fechou...
A familia viu-se na dolorosa tarefa de comprar o fato, os sapatos, as velas, as flores e o caixão para o pobre Zé Flávio. Passados dois dias, numa manhã de nevoeiro ouve-se um som diminuto a surgir do nada: "ai cais do sodre, pois é..." era ele... Zé Flávio imponente, qual Dom Sebastiao no seu cavalo branco, montado na sua bicicleta nova, com o seu radio mais nitido que nunca... Afinal não morreu.....
No fim de beijos e abraços, o caixão foi devolvido, as flores devolvidas foram apenas ficaram o fato (que a agência nao aceitou de volta) e os sapatos que tiveram que ser "metidos a semana".
Mais uma de Albernoa